Pesquisar no site


Contato

Juventude do PT - Iguatu

E-mail: jptiguatu@gmail.com

Três Décadas de Mudança

12/02/2010 07:01

  

(retirado do site do Ministério da Justiça/Conselho Nacional de Direitos da Mulher)

 

 

Em meados dos anos 60, pegava fogo o movimento feminista liderado por Betty Fridan. A literatura dominante era do tipo reivindicatória e doutrinária. Os dados mostravam, realmente, uma enorme discrepância entre as regalias dos homens e das mulheres.

 

No caso brasileiro isso era patente. Marvin Harris, antropólogo, tinha colhido os seguintes dados:

 

No Brasil, o marido e os filhos mais velhos comem em primeiro lugar e recebem a melhor parte da comida.

 

As mulheres brasileiras - mãe e filhas - esperam que eles terminem para depois começar a comer.

 

Em público, espera-se que as mulheres fiquem quietas e em segundo plano (Harris, 1956).

 

São constatações simplesmente escandalosas para os dias atuais. Mas, essa realidade valeu por muito tempo. Um pesquisador dos costumes no meio rural brasileiro testemunhou inúmeras cenas do seguinte tipo:

 

"O dia estava frio e chuvoso; o pai e o filho passavam a cavalo, cobertos por um capote, enquanto que a mãe e filha, sem sapatos, iam a pé atrás dos dois" (Santos, 1966).

 

Bernard O. Rosen, sociólogo, que também andou por estas bandas estudando a família brasileira, concluiu:

 

"Não se espera da mulher que ela seja companheira do esposo. Pelo contrário, as suas principais atividades giram em torno da criação dos filhos e da prestação de serviços ao marido" (Rosen, 1963).

 

Emílio Willems, catarinense de origem, formado na Alemanha e professor de antropologia social em São Paulo, havia descoberto que os valores sociais dos homens compunham o que chamou de "complexo da virilidade" enquanto que os das mulheres compunham o "complexo da virgindade" (Willems, 1953).

 

Esperava-se da mulher que ela obedecesse ao marido e não tivesse iniciativas públicas de qualquer espécie.

 

Foi no meio da acalorada polêmica do feminismo que, em 1966, decidi estudar o assunto com base em dados. Entrevistei uma amostra de 321 casais (maridos e respectivas esposas) e acabei observando a mesma coisa: as mulheres brasileiras tinham um posicionamento bem mais baixo do que os homens numa escala de modernidade usada naquela pesquisa (Pastore, 1970). As mulheres definiam para si uma série de papéis submissos e dependentes dos homens. O conformismo era o traço predominante no relacionamento entre as mulheres.

 

Mas o que aconteceu de lá para cá? Quanto mudou na vida da mulher na ao longo dessas três décadas? Como analisar a evolução dos vários papéis da mulher na sociedade atual?